segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

ESTUDO DE CASO (gabarito)

Paridade: G4P2A1 ou G4P2(1PN, 1PC) A1 ou ainda Multigesta, bípara e 1 aborto.

Cálculo da IG

DUM 02/09/11                 Data da consulta: 01/11/11

Set 28 + Out 31 + Nov 01 = 60 dias

60 dias / 7 dias da semana = 8 semanas e 4 dias

Cálculo da DPP

02/         09/         11 +

+7           -03         

09           06           12

DPP: 09/06/12

Como ela descobriu recentemente esta gestação e você como enfermeiro é o primeiro profissional de contato com ela, realize a primeira consulta seguindo o roteiro de primeira consulta de pré natal recomendado pelo manual de pré natal....

QUANTO AS QUEIXAS DA PACIENTE ORIENTAR: que Durante a gestação ocorrem alterações do metabolismo protéico, lipídico e glicídico; aumento do débito cardíaco, da volemia, hemodiluição e alterações na pressão arterial; aumento do  fluxo glomerular; alterações na dinâmica respiratória; modificações do apetite, náuseas e vômitos, refluxo gastroesofágico, constipação; e alterações imunológicas variadas, as quais permitem que a mulher suporte a sobrecarga de gerar um novo organismo. Orientar tb qto a importância da alimentação correta.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Acidentes com Crianças: "Crianças estão muito sujeitas aos mais diversos tipos de acidentes e o controle disso é uma questão de saúde pública, tão alto é o número de vidas abreviadas e invalidadas. Prevenir os acidentes infantis é uma questão de informação e de atenção de pais, educadores e de todos aqueles que zelam pela infância".

Prevenindo os Acidentes Infantis

O Dr. Manuel Naves, pediatra do Pronto Socorro do HRT (Hospital Regional de Taguatinga, de Minas Gerais), publicou em sua página pessoal na Internet uma série de dicas para proteção contra os acidentes infantis, divididas por faixas etárias. A Enfermeira Shirley, por sua vez, autora de uma cartilha de prevenção aos acidentes infantis, editada pelo Hospital São Camilo, de São Paulo, também dá dicas neste sentido e as organiza do mesmo modo: por faixas etárias.

0 aos 6 meses

De acordo com o pediatra, dos 0 aos 6 meses, por exemplo, a criança precisa de proteção o tempo todo e os acidentes tendem a ocorrer mais freqüentemente quando ela adquire o hábito de se virar, engatinhar e pegar objetos.

Ele indica que, para evitar queimaduras, a mãe teste a água do banho com o cotovelo e evite beber líquidos quentes, como café ou sopa, com o filho no colo. Além disso, ele adverte que os únicos locais seguros para que um bebê nesta idade fique sozinho são o berço e o cercadinho. No entanto, é necessário que se verifique se os espaços entre as barras do berço são adequados para que o bebê não passe entre eles ou prenda sua cabeça. Neste sentido, os cercadinhos de malha são considerados os mais seguros.

O médico lembra que nunca se deve deixar uma criança desta faixa etária sem assistência sobre uma mesa de troca de roupas, por exemplo. Para evitar afastar-se, a recomendação é deixar sempre as fraldas à mão antes de largar a criança, recomenda o pediatra.

Dos 0 aos 6 meses, os brinquedos devem ser grandes o bastante para não serem engolidos, além de serem resistentes para não quebrarem. Também é importante que não tenham pontas nem arestas agudas, sendo arredondados e de madeira lisa ou de plástico. Eles também não devem conter tintas tóxicas. Na hora de comprar, recomenda-se que se verifique as recomendações de idade do fabricante, alerta.

É importante também que se mantenha objetos pequenos e agudos, fora do alcance das crianças. O mesmo com os sacos plásticos, fios de telefone longos e travesseiros fofos, que podem ser sufocantes, asfixiando a criança. O médico chama a atenção também para que a criança não durma na mesma cama que os pais, que, ao virarem-se à noite, podem asfixia-la.

Nas viagens de automóvel, as crianças nunca devem ser transportadas no colo das mães no assento dianteiro, pois, em um acidente, o corpo da mãe pode esmagar o do filho contra o painel, sem que esta tenha qualquer controle sobre a situação. O transporte adequado para bebês é a cadeirinha no banco de trás, sempre com cinto de segurança.

7 aos 12 meses

As crianças nesta faixa etária, descreve o Dr. Naves, já começam a engatinhar, ficam de pé e podem começar a caminhar. Eles põem tudo na boca. Deve-se ter cuidado, em especial, com os riscos de afogamento e de queimaduras, evitando-se a cozinha, considerada o local mais perigoso da casa. O médico propõe mesmo que se coloque um bloqueio que impeça a passagem da criança para a cozinha, pois líquidos e alimentos quentes, fios elétricos, torradeiras, bules, garrafas e o próprio fogão são perigosos, assim como a tábua de passar roupa.

Nesta etapa, deve-se manter fora do alcance das crianças todos os remédios e venenos, assim como os produtos perigosos, que devem ser mantidos em suas embalagens originais. Para evitar quedas, compensa usar portas ou portões nas escadarias e baixar o estrado das camas a partir do momento que a criança começa a sentar ou ficar de pé. Os cuidados que vinham sendo tomados até os seis meses podem ser todos mantidos. As tomadas podem passar a ser protegidas com protetores nos soquetes.

1 a 3 anos

O médico de Taguatinga, MG, explica que as crianças de 1 a 2 anos são muito ativas e têm necessidade de investigar, escalando, abrindo portas e gavetas, retirando coisas de armários e brincando com água. O De acordo com a cartilha "Acidentes na Infância" editada pelo Hospital São Camilo, de São Paulo, e disponível no seu site, nesta idade as crianças são ainda fascinadas pelo fogo e capazes de abrir a maioria dos recipientes, além de explorarem armários de louças, medicamentos, mesas de cabeceira, interior de guarda-roupa, geladeiras, fornos, entre outros locais que reservam perigos. Observar de perto as crianças desta idade é essencial para evitar acidentes.

Elas estão muito interessadas no que estão fazendo e tem pouca consciência dos perigos que podem estar correndo. São comuns as quedas e os cortes, por isso é preciso manter as portas ou caminhos para escadas, depósitos ou rua trancadas ou bloqueadas. Vale a pena usar pratos e copos de plástico e verificar os móveis com bordas cortantes. O pediatra ensina que nesta idade as crianças são rápidas e imprevisíveis. Elas podem arremessar e chutar bola, correr, pular e pedalar um velocípede. Elas começam a entender. Mas ainda não sabem o que é perigoso. Elas necessitam de proteção, supervisão e disciplina firme.Na banheira, deve-se usar tapetes não derrapantes e instalar grades em todas as janelas acima do primeiro andar. A cozinha continua sendo uma área de risco.

3 a 5 anos

Com esta idade, explica o pediatra, a criança explora a vizinhança, corre, escala, anda com velocípede, aprende a andar de bicicleta, brinca com outras crianças, atravessa a rua e esses movimentos precisam ser feitos sob atenta vigilância. A enfermeira Shirley ensina ainda que nesta fase as crianças sobem em árvores, ficam em pé em balanços, brincam com mais violência com os brinquedos, bolas pesadas, fósforos e isqueiros, além de experimentarem remédios. Nesta fase, as crianças podem aceitar e responder aos ensinamentos, porém, elas ainda necessitam de proteção.

6 a 12 anos

Aos seis anos, a criança explode em energia e constante movimento. Com um tempo de concentração breve, elas iniciam novas tarefas que não conseguem concluir, são autoritárias e sensíveis. Aos sete anos, elas ficam mais quietas que aos seis, mas são mais criativas e gostam de aventuras. Dos oito aos dez, são curiosas em relação ao funcionamento das coisas, tem maior autonomia para realizar tarefas. Dos dez aos doze, são intensas, observadoras, acham que sabem tudo, são energéticas, indiscretas e argumentadoras. Querem ser líderes e aceitas nos seus grupos, buscando, muitas vezes, atitudes radicais.

Durante esta faixa etária, recomenda o médico, em que os filhos estão longe de casa, por vezes durante horas, disciplina e orientação são essenciais. A escola e grupos comunitários partilham de responsabilidade por sua segurança. "Seus filhos estão participando de equipes esportivas, fazem parte de algum grupo e tentarão algo mais. Podem idolatrar e querer imitar heróis infantis ou uma pessoa mais velha que viva perigosamente" alerta. Segundo o Dr Manuel, crianças nessa idade devem assumir alguma responsabilidade por sua própria segurança, porém é aconselhável andar acompanhada até 11 anos, alerta.

Equipamentos de Segurança e Situações de RiscoEm entrevista exclusiva, por telefone, para esta reportagem, a enfermeira Shirley atenta para o fato da indústria nacional ainda não ter descoberto o grande filão dos equipamentos de segurança para crianças. "A maior parte dos equipamentos disponíveis no mercado são importados e caros, inacessíveis para as classes mais baixas", lamenta. Além disso, acusa, a indústria nacional não faz propaganda do que produz, e as pessoas não conhecem as possibilidades que o mercado oferece.

A enfermeira lembra ainda da precariedade das construções, enfrentadas pelas classes mais baixas da população. Ela relata que é comum receber crianças com graves lesões por quedas de lajes mal construídas ou por terem caído elas próprias de terraços sem proteção. Os poucos playgrounds disponíveis para esta população também carecem de manutenção e são palco freqüente de acidentes, envolvendo cortes em brinquedos enferrujados, perfurações com pregos e fraturas.

Ela chama a atenção ainda para a crueldade comum de colocar lâminas de barbear em escorregadores e garante que a melhor maneira de prevenir este tipo de acidente é realmente contar com a presença constante e atenta das mães.

Outro dado curioso apresentado por Shirley é o da freqüência com que os fios das pipas empinadas pelos meninos causam sérios acidentes. Na semana desta entrevista, ela relatou, um rapaz que dirigia uma moto foi morto pelo fio de uma pipa que havia sido "turbinado" com cerol, pó de vidro utilizado para tornar o fio mais cortante na briga de pipas. Em alguns casos, as crianças também utilizam pó metálico, que além de tudo é condutor de energia e freqüentemente causa eletrificações, quando cruzam com a fiação elétrica da cidade.

A enfermeira chama ainda a atenção para o risco dos pisos encerados e dos tapetinhos, comuns nas casas dos idosos e um perigo tanto para eles quanto para as crianças. A reutilização de embalagens alimentícia com produtos de limpeza é ainda um grande causador de intoxicações entre as crianças, muito fascinadas pelas texturas e cores chamativas dos detergentes, xampus e água sanitária.

Outra ocorrência freqüente nos pronto-socorros relata Shirley, são das crianças que engoliram moedas. A "síndrome do cofrinho", considerada muito engraçada por alguns pais desavisados, pode causar grandes transtornos intestinais. O tratamento, na verdade, é mais doloroso e traumático do que o acidente em si, explica. Para retirar uma moeda do aparelho digestivo de uma criança, é necessário que esta seja levada em jejum para o hospital, que tome anestesia geral e que faça uma endoscopia.

A enfermeira lembra ainda que algumas receitas caseiras para tratar acidentes simples podem causar grandes transtornos e a exposição da criança a tratamentos dolorosos e desnecessários no hospital. Para dar exemplos, ela cita o uso de pomadas, manteiga e óleo sobre as queimaduras e a aplicação de borra de café sobre os cortes.

Ao chegar ao pronto-socorro, é necessário lavar estes "curativos", o que pode ser bastante dolorido para a criança. Para evitar este tipo de iniciativa caseira e prestar o atendimento correto, ela sugere que os pais façam cursos de pronto-socorro, quando possível, ou que chamem o atendimento de resgate em casa, o que pode ser mais rápido e eficiente até do que levar a criança em conduções não habilitadas para o socorro.

A prevenção dos acidentes na infância pode e deve ser instituída. O termo "acidente" implica a sua imprevisibilidade, e embora seja certo que as lesões não tenham maior probabilidade de ocorrer do que as doenças, estar atento para as situações de risco pode evitar perdas irreparáveis.

Disponível em : http://boasaude.uol.com.br/lib/ShowDoc.cfm?LibDocID=3964&ReturnCatID=1617

ENDOMETRIOSE VESICAL: ASPECTOS DIAGNÓSTICOS E TERAPÊUTICOS

M. Tobias-Machado, R. di Giuseppe, C.P. Barbosa, M. Borrelli, E.R. Wroclawski
Trabalho realizado pelas Disciplinas de Urologia e Ginecologia da Faculdade de Medicina do ABC (FMABC)


INTRODUÇÃO
Endometriose é a presença de tecido endometrial ectópico e/ou estroma fora da cavidade uterina. Foi observada, pela primeira vez, por Rokitansky (1869) em material de necrópsia. Mais tarde, Sampson (1927) definiu a endometriose como um achado de tecido com aspectos histológicos e funcionais semelhantes ao endométrio tópico, em outros locais.
A endometriose é a segunda afecção cirúrgica ginecológica, perdendo apenas para a miomatose uterina. Nos EUA é a terceira causa de internação e a causa mais comum de histerectomia1.
Nos últimos anos têm-se verificado um aumento da freqüência de endometriose. Esse aumento se deve às mudanças de hábitos femininos; aumento da idade da primeira gestação, maior intervalo entre as gestações, o que promove maior tempo de exposição estrogênica e maior freqüência de menstruações.
A endometriose pode causar alteração da fertilidade, dor pélvica ou até ser assintomática. Possui estágios diferentes de evolução, podendo se apresentar de forma mínima, leve, moderada ou grave. As formas mínimas e leves podem se agravar com o passar do tempo2,3,4. Além disso, a afecção tem sua gravidade relacionada com a freqüência, quantidade e duração das menstruações.

ETIOPATOGENIA
Teoria do implante endometrial explica o aparecimento da endometriose em cicatriz de cesáreas ou após histerectomias.
Teoria da metaplasia celômica justifica o desenvolvimento da endometriose em mulheres com agenesia uterina.
A disseminacão por via hematogênica justifica as formas extraperitoneais.
A teoria do refluxo tubário do fluido menstrual ocorre com maior freqüência nos locais onde o fluido menstrual se deposita5.
Alguns autores sugerem a participação do sistema autoimune6,7,8. Acredita-se na diminuição da atividade de linfócitos denominados "natural killers" que agiriam contra antígenos endometriais autólogos. A diminuição da atividade dessas células estaria relacionada com a gravidade da doença9.
Recentemente, estudou-se a possibilidade de que a endometriose peritoneal e os nódulos endometrióticos no septo retovaginal fossem duas entidades distintas e foi proposto designá-las de adenomiose retovaginal10,11.

INCIDÊNCIA
A endometriose incide em 10% das mulheres entre 25 a 40 anos de idade. Acomete em até 50% mulheres inférteis12-16 e possui sua maior freqüência em nulíparas. Em assintomáticas pode incidir de 6%17 até 43%18.
Os locais mais acometidos são o fundo de saco de Douglas, ovários, ligamento redondo, tubas uterinas, cérvix, vagina.
Apenas 1 a 2% dos casos de endometriose acomete o trato urinário, sendo que a bexiga é acometida em 84% dos casos19 e, em seguida, o ureter. Na bexiga, as regiões mais freqüentemente acometidas são o trígono e o colo vesical. A tabela 1 mostra a freqüência de endometriose de trato urinário.


Como diagnóstico diferencial da endometriose vesical temos: angiomas, papilomas, inflamação ou úlcera vesical localizada e carcinoma infiltrativo.

QUADRO CLÍNICO
A natureza e a severidade dos sintomas vesicais variam conforme a localização, tamanho e duração do tumor (tabela 2).


O mais comum a ser encontrado é algia e desconforto supra púbico ou na região vésico-vaginal (78%), além de disúria, polaciúria, urgência miccional19.
A hematúria cíclica é encontrada em 25% dos casos, enquanto que distúrbios menstruais (dismenorréia, menorragia, metrorragia) foram encontrados em 50% dos casos20.
Em 40% das pacientes encontrou-se uma massa palpável ao toque vaginal.

EXAMES SUBSIDIÁRIOS
Tanto no estudo ultra-sonográfico quanto na tomografia computadorizada e ressonância magnética, o achado mais comum é vegetação endoluminal na parede vesical. A urografia excretora pode revelar falha de enchimento vesical ou hidronefrose se houver comprometimento ureteral21 (tabela 3).


A laparoscopia diagnóstica, realizada em casos de algia pélvica, pode localizar as lesões, inspecionar os órgãos pélvicos e toda a cavidade peritoneal permitindo a realização de biópsias.
A cistoscopia é o exame de preferência e seus achados variam conforme a fase do ciclo menstrual. Dessa forma, há necessidade de várias cistoscopias em diferentes fases do ciclo menstrual para um diagnóstico mais apurado20. Deve-se ressaltar, ainda, que o diagnóstico deve ser realizado através de biópsia profunda da parede vesical, geralmente conseguido através de ressecção com alça, pois biópsias superficiais podem revelar apenas cistites inespecíficas.
Período menstrual: pode ser detectado uma área elevada na parede vesical posterior, perto do trígono ou cúpula vesical. A mucosa vesical presente ao redor do tumor pode se encontrar congesta e edemaciada. Além disso, ainda na mucosa pode ser encontrado pequenos cistos transluscentes ou com aspecto azulado devido ao acúmulo de sangue.
Durante a menstruação: o tumor pode se apresentar com forma muito maior e mais congesto. As áreas císticas assumem aspecto azulado-enegrecido e menos translucente.
Após a menstruação: o tumor conserva sua área aumentada, mas a congestão e o edema são menos marcantes e o fluido enegrecido dos cistos ainda se mantém, mas com menor intensidade na coloração.
Período intermenstrual: o tumor regride de tamanho e somente alguns cistos com fluido azulado podem ser vistos.

BIÓPSIA TRANSURETRAL
Deve ser realizada em todos os casos onde há suspeita de endometriose vesical, pois ajudará a fazer diagnóstico diferencial com processos tumorais.
O material removido, caso seja superficial, pode apresentar diagnóstico de cistite inespecífica. Pode ser necessária ressecção com alça para permitir ao patologista uma quantidade suficiente de tecido com infiltração do epitélio endometrial.

ESTUDO ANATOMOPATOLÓGICO
O aspecto histológico é necessário para ser feito o diagnóstico definitivo.
A princípio, identifica-se glândulas e/ou estroma endometrial aderido à parede vesical que, num estágio inicial, pode estar confinada à serosa e, se não for tratada, progride para a camada muscular, submucosa e mucosa20. A lesão endometrial pode ser desde única até múltipla, em forma de placas até massas císticas grandes. Recentemente foi descrita a presença de adenomiose invadindo a bexiga como na endometriose de septo retovaginal
À inspeção nota-se superfície irregular com fluido enegrecido proveniente dos cistos que estão, na maioria das vezes, na superfície externa do tumor.
Na histologia encontra-se tecido endometrial infiltrado entre fibras musculares lisas da bexiga.
As glândulas podem estar preenchidas por sangue ou material necrótico. Raramente há degeneração maligna.

TRATAMENTO
A escolha da terapêutica para endometriose vesical é da responsabilidade tanto do urologista quanto do ginecologista, e deve ser baseada em algumas condições como idade da paciente, desejo de gestações, extensão da lesão vesical, importância dos sintomas vesicais, presença de patologia pélvica e gravidade das alterações menstruais (tabela 4)22-28.


O tratamento da endometriose urinária deve ser individualizado. O acometimento da bexiga por adenomiose é freqüente e, nessa situação, a exerése total do nódulo endometriótico, seguida de laparoscopia, pode dispensar terapêutica hormonal complementar. A terapêutica medicamentosa deve ser aplicada nos casos onde não houve extirpação total da doença.
O tratamento clínico pretende criar um meio hormonal pouco favorável para a evolução dos implantes endometrióticos. As primeiras substâncias introduzidas mimetizavam a gestação, onde a anovulação é acompanhada de decidualização do endométrio com sua posterior atrofia.
A endometriose é afecção estrógeno dependente e, portanto, pode ser utilizado qualquer esquema terapêutico que diminua a ação deste hormônio.
O uso do acetato de medroxiprogesterona na dose de 50 a 100mg intramuscular mensal é suficiente para a remissão total da dor. Suas vantagens residem no seu baixo custo e na ausência de efeitos estrogênicos secundários. Os efeitos colaterais dependem da dosagem, da duração, do tratamento e da via de administração. As alterações menstruais são relatadas em 40 a 70% das usuárias. São também descritos náuseas, vômitos, aumento de peso, retenção hídrica, depressão e diminuição da libido nos quais constituem causas importantes de abandono do tratamento.
O danazol, desde sua introdução (1971), tem sido um dos fármacos mais utilizados na endometriose. É um derivado da 17-etiniltestosterona e seu mecanismo inclui um estado de hipoestrogenismo de origem central e periférica. A dose utilizada é de 400 a 800mg diários, induzindo amenorréia. Os efeitos colaterais mais comuns são aumento de peso, cãimbras, mudança de humor, pele oleosa, atrofia mamária e depressão.
O gestrinona induz à redução dos receptores estrogênicos e progestagênicos no endométrio, suprime o pico endógeno de LH e inibe a esteroidogênese ovariana. É utilizada na dose semanal de 5 a 7,5 mg. Pode causar alterações menstruais, queda de cabelo, acne e seborréia. Tanto o gestrinona quanto o danazol devem ser utilizados por seis meses.
Ultimamente, a utilização dos análogos do GnRH para o tratamento da endometriose tem aumentado. Seu uso prolongado causa supressão da função gonadotrófica através do mecanismo de down regulation nos receptores de GnRH da glândula pituitária. A falta da secreção de gonadotropinas e, especialmente, a carência da forma biológica ativa de LH e FSH irão resultar em estado hipoestrogênico22. São utilizados por várias vias de administração (intranasal, subcutânea, intramuscular). Nos tratamentos a longo prazo são preferíveis as formas de depósito. Os efeitos colaterais mais comuns são aqueles ocasionados por hipoestrogenismo. O tratamento além dos seis meses proporciona uma redução significativa da densidade óssea. Dessa forma, a maioria dos autores recomenda a terapia de reposição hormonal coadjuvante utilizando noretindrona ou 17-ß estradiol.
Stanley et al. apresentaram 10 casos de endometriose vesical dos quais sete foram submetidos à cistectomia parcial concomitante ao tratamento supressor de estrógenos, sendo que seis pacientes evoluíram bem. Os três pacientes restantes foram tratados com supressão hormonal apresentando bons resultados23. Lavelle et al. trataram clinicamente uma paciente com obstrução ureteral por endometriose e obtiveram sucesso24. Kistner demonstrou alívio dos sintomas com terapia progestagênica em mais de 80% das mulheres tratadas desta forma, entretanto Andrews acredita que esta terapêutica é paliativa e temporária25,26. Devido às desagradáveis conseqüências da supressão estrogênica, como osteoporose, por exemplo, Foster et al. acreditam que a melhor forma de abordar esta doença é através da cistectomia parcial, seguido de tratamento adjuvante com hormônios, se houverem implantes endometriais remanescentes27. Recentemente, Nezhat et al. descreveram 19 casos de sutura vesical, alguns após ressecção parcial de endometriomas por via laparoscópica. Estes pacientes foram mantidos com sonda vesical por 7-14 dias e apenas uma mulher apresentou fístula vésico-vaginal que necessitou de correção. Todos os outros casos evoluíram satisfatoriamente e o autor concluiu que o tratamento laparoscópico é factível28.
O tratamento de pacientes com endometriose é ainda motivo de discussão. Bons resultados foram obtidos com as várias formas terapêuticas e são defendidos por seus autores. Os casos devem ser analisados em suas particularidades como o tamanho da lesão, severidade dos sintomas, desejo reprodutivo da paciente e aderência ao tratamento.
A forma isolada de acometimento do trato urinário é rara, os ureteres podem estar comprometidos nas formas severas de endometriose pélvica. A bexiga é mais freqüentemente acometida por adenomiose, daí a importância da investigação endoscópica do trato genital superior.
As formas tumorais devem preferencialmente ser tratadas com a combinação de terapêutica cirúrgica e clínica sendo necessária a ressecção do tumor.

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*Correspondência: R. Oscar Freire,1546 – apto. 56 – Cep: 05409-010
Cerqueira César – São Paulo – Brasil – Tel.: 3081-8674
E-mail: hcor@ncor.com.br
Artigo recebido: 14/01/2000
Aceito para publicação: 20/04/2000
Disponível em : http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-42302001000100028

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Bolsa amamentação começa a ser paga

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Grávidas também vão receber R$32 por mês para ajudar nos gastos com bebê


BRASÍLIA. O governo federal começa a pagar no próximo dia 17 um benefício do Bolsa Família para mulheres de baixa renda que estejam amamentando. Cerca de 70 mil mães receberão o novo benefício, em seis parcelas de R$32. A ideia é melhorar a nutrição dos bebês e reduzir a mortalidade infantil. A bolsa poderá ser paga para pais ou responsáveis que estejam cuidando do bebê, caso a mãe o tenha abandonado.

A partir de dezembro, as gestantes também terão direito a uma bolsa específica para ajudar nos gastos com a chegada do bebê. Serão nove repasses de R$32 a partir do momento que as equipes da família registrarem as gestantes no sistema.

Inicialmente, 35 mil grávidas estão registradas para receber a bolsa. Mas uma estimativa do Ministério da Saúde dá conta de que há 500 mil grávidas aptas a receber o benefício. Esses dois novos repasses do Bolsa Família gerarão um incremento mensal de R$3,1 milhão.

- Há uma articulação com o Ministério da Saúde para que as equipes de saúde da família intensifiquem a orientação sobre a questão da alimentação saudável, estando ou não amamentando, e da amamentação até seis meses de idade prioritariamente e, depois, de forma complementar, até os dois anos. A lógica do Bolsa Família é associar o benefício da transferência de renda com a orientação - disse Daniel Ximenez, diretor de condicionantes da Secretaria Nacional de Renda de Cidadania do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.

Caso a gestante só procure assistência médica no meio ou no final da gravidez, continuará tendo direito a receber as nove parcelas mensais. O mesmo ocorre com o bebê. Até o sexto mês de vida ele poderá ser cadastrado e, a partir daí, terá direito a seis repasses mensais.

Pré-natal, vacinação e pesagem são contrapartidas

As grávidas terão de cumprir todo o calendário pré-natal (comparecendo a pelo menos seis consultas durante a gestação), e as mães têm que manter o cartão de vacinação do bebê em dia e o de medição de peso e altura. O não cumprimento dessas condicionantes levará à interrupção do repasse.

O recorte de renda é o mesmo do Bolsa Família: quem ganha até R$140 por pessoa da família tem direito ao pagamento. No entanto, quem tem cinco filhos, e portanto já ganha R$32 por cada filho, não terá direito a receber nenhum desses novos benefícios. A ampliação dos chamados benefícios variáveis foi feita a pedido da presidente Dilma Rousseff e incluiu 1,2 milhão de crianças. Antes, a família só podia receber repasses por três filhos de zero a 15 anos. Além do repasse para cada filho - que tem a obrigação de estar na escola - as famílias extremamente pobres podem receber o benefício básico do Bolsa Família, no valor de R$70 mensais.

O Ministério do Desenvolvimento Social cita um estudo que indica que, embora a taxa de fertilidade tenha caído em todas as classes sociais no Brasil, 60% das famílias com mais de quatro filhos são extremamente pobres.

A transferência média do Bolsa Família a cada uma das 13,17 milhões de famílias beneficiárias é de R$119. Mas, como o programa é formado por uma cesta de benefícios, o repasse pode variar de R$32 ao máximo de R$306. O Bolsa Família custa ao governo R$16 bilhões por ano, ou R$1,5 bilhão por mês.
 
Fonte: 
O Globo
Catarina Alencastro catarina.alencastro@bsb.oglobo.com.br

Conhecimento de mulheres sobre o exame de Papanicolaou

Carolina Amancio Valente; Viviane Andrade; Maurícia Brochado Oliveira Soares; Sueli Riul da Silva


INTRODUÇÃO
O câncer vem sendo considerado mundialmente, um grave problema de saúde pública por representar a segunda causa de morte por doença, precedida apenas pelas doenças cardiovasculares. No Brasil, o câncer de mama representa a principal neoplasia maligna em mulheres. Estima-se que 49.400 novos casos foram detectados no ano de 2008. Já o segundo lugar é ocupado pelo câncer de colo do útero, que se evidencia a partir dos 20 anos de idade e apresenta seu maior risco entre 25 e 49 anos, sendo responsável pelo óbito de aproximadamente 230 mil mulheres ao ano. Segundo a estimativa lançada pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA), o número de casos novos de câncer de colo uterino esperados no Brasil no ano de 2008 foi de 18.680, sendo que 1.360 desses novos casos foram previstos para o estado de Minas Gerais (aproximadamente 13,48 casos para cada 100.000 mulheres)(1).
As maiores taxas de incidência do câncer de colo do útero são observadas em países pouco desenvolvidos, indicando uma forte associação deste tipo de câncer com as condições de vida precária, com os baixos índices de desenvolvimento humano, com a ausência ou fragilidade das estratégias de educação comunitária (promoção e prevenção em saúde) e com a dificuldade de acesso a serviços públicos de saúde para o diagnóstico precoce e tratamento das lesões precursoras. Além desses fatores, o início precoce da atividade sexual, a multiplicidade de parceiros sexuais, o tabagismo (diretamente relacionados à quantidade de cigarros fumados), a higiene íntima inadequada e o uso prolongado de contraceptivos orais também contribuem para o aparecimento do câncer de colo do útero(2).
Segundo o INCA estudos recentes mostraram ainda que o vírus do papiloma humano (HPV) tem papel importante no desenvolvimento da neoplasia das células cervicais e na sua transformação em células cancerosas, estando presente em mais de 90% dos casos de câncer do colo do útero. Sendo assim, uma forma de prevenção primária do câncer do colo do útero é o uso de preservativos durante a relação sexual. A prática do sexo seguro é uma das formas de evitar o contágio pelo HPV. Porém, a detecção de lesões precursoras e o diagnóstico precoce do câncer no colo uterino ainda são as melhores estratégias para diminuir a morbi-mortalidade dessa neoplasia. Sendo uma forma de prevenção secundária, esse rastreamento no Brasil é feito através da realização do exame preventivo (conhecido popularmente como exame de Papanicolaou)(2).
O exame pode ser realizado nos postos ou unidades de saúde que tenham profissionais capacitados para realizá-lo. Estima-se que uma redução de aproximadamente 80% da mortalidade por este câncer pode ser possível através do rastreamento com o exame preventivo e tratamento das lesões precursoras com alto potencial de malignidade ou carcinoma in situ(1). Para tanto é necessário garantir a organização, integralidade e a qualidade do programa de rastreamento, bem como o seguimento das pacientes. Diversas campanhas educativas têm sido realizadas, voltadas para a população e para os profissionais da saúde, incentivando o exame preventivo para toda mulher que tem ou já teve atividade sexual, especialmente se estiver na faixa etária dos 25 aos 59 anos de idade.
Informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) de 2003, divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2005, mostraram que, nos últimos três anos, a cobertura do exame citológico do colo do útero foi de 68,7% em mulheres acima de 24 anos de idade, sendo que 20,8% das mulheres nesta faixa etária nunca tinham sido submetidas ao exame preventivo(3). Considerando que a pesquisa se baseou em informações concedidas pelas próprias entrevistadas, pode-se admitir que parte dessas mulheres, segundo certas condições socioeconômicas, possa confundir a realização de um exame ginecológico com a coleta de material cérvico-uterino para exame laboratorial(4).
Como ainda é alta a percentagem de mulheres que não têm como hábito a realização do exame preventivo, o diagnóstico muitas vezes ainda é feito em estádios mais avançados da doença. Esse diagnóstico tardio pode estar relacionado com: a dificuldade de acesso da população feminina aos serviços e programas de saúde, a baixa capacitação dos recursos humanos envolvidos na atenção oncológica (principalmente em municípios de pequeno e médio porte), a capacidade do Sistema Público de Saúde para absorver a demanda que chega às unidades de saúde e as dificuldades dos gestores municipais e estaduais em definir e estabelecer um fluxo assistencial, orientado por critérios de hierarquização dos diferentes níveis de atenção, que permita o manejo e o encaminhamento adequado de casos suspeitos para investigação em outros níveis do sistema(3).
A Política Nacional de Atenção Oncológica (Portaria GM nº 2439 de 08/12/2005) e o Plano de Ação para o Controle dos Cânceres do Colo do Útero e de Mama 2005-2007 trazem ações dirigidas ao controle do câncer da mama e do colo do útero. Essas políticas tratam das seguintes diretrizes estratégicas, compostas por ações a serem desenvolvidas, nos distintos níveis de atenção à saúde: aumento da cobertura da população-alvo; garantia da qualidade; fortalecimento do sistema de informação; desenvolvimento de cursos de capacitação; desenvolvimento de pesquisas e mobilização social(3).
É, portanto, fundamental que os serviços de saúde estejam estruturados para orientar a população a respeito do exame preventivo, já que a sua realização periódica permite reduzir a mortalidade por câncer do colo do útero na população de risco. Partindo-se do princípio de que a prevenção tem se destacado como a melhor estratégia contra o câncer de colo uterino o presente estudo justificou-se por contribuir com as propostas do Ministério da Saúde.

OBJETIVOS
Geral
Identificar o conhecimento de mulheres estudantes do ensino médio (noturno), em escolas públicas da cidade de Uberaba/MG, a respeito do exame de Papanicolaou.
Específicos
Verificar o conhecimento adquirido por meio da atividade extensionista de educação em saúde realizada com as mesmas mulheres e compará-lo com o conhecimento prévio.

MÉTODO
Trata-se se um estudo de caráter epidemiológico, quantitativo, descritivo, transversal. Realizado com mulheres, acima de 18 anos de idade, estudantes do ensino médio no período noturno em escolas públicas da cidade de Uberaba/MG, que concordaram em participar do estudo, mediante conhecimento do termo de esclarecimento e assinatura do termo de consentimento. Após levantamento e estudo bibliográfico sobre o tema, foi solicitada permissão para desenvolvimento da presente proposta junto à Superintendência Regional de Ensino de Uberaba/MG e identificação das Escolas que abarcavam a população alvo.
Foram realizadas visitas do período de Março a Abril de 2009 a todas as Escolas Estaduais que oferecem o Ensino Médio noturno no Município de Uberaba – MG, sendo identificado um total de vinte instituições.
As atividades desenvolvidas nas Escolas foram previamente agendadas com suas respectivas diretorias. Na oportunidade foram apresentadas as propostas de investigação e extensão. Após consentimento foi aplicado a todas as estudantes do sexo feminino matriculadas no Ensino Médio e Educação de Jovens Adultos (EJA) um pré–questionário com questões objetivas, capazes de identificar conhecimentos básicos dessas mulheres a respeito do exame de Papanicolaou, bem como um perfil sócio-epidemiológico do grupo.
O questionário aplicado foi elaborado com base nas orientações do INCA para realização do exame, sendo composto por oito questões fechadas relativas ao perfil sócio-epidemiológico do grupo em questão (idade, procedência, profissão/ocupação) e relativas ao exame de Papanicolaou (finalidade, procedimento técnico, requisitos para realização do exame, periodicidade de realização do exame, local de realização do exame, condutas após o procedimento).
Durante o contato, em cada instituição foi realizada uma breve atividade extensionista de educação em saúde norteada pela técnica proposta por Paulo Freire que é endossada na troca de saberes baseada no diálogo, um intercâmbio entre o saber científico e o popular(5) . Foram abordadas as principais características do exame de Papanicolaou e sua importância na prevenção do câncer de colo do útero, assim como a apresentação do material utilizado para a realização do exame, o preparo pré-exame e as recomendações pós-exame, seguida de uma simulação dinâmica da realização do exame em si utilizando manequim de anatomia ginecológica e kit Papanicolaou para demonstração. Após essa pequena palestra, foi reaplicado o mesmo questionário, com intuito de verificar o conhecimento adquirido por meio da atividade extensionista e compará-lo com o conhecimento prévio.
Ao término das atividades foi disponibilizado espaço de tempo para questionamentos e dúvidas individuais e a demanda foi extensa. Os dados obtidos foram tabulados e comparados entre si mediante análise estatística descritiva a fim de concluirmos o estudo.
O desenvolvimento do estudo foi norteado pela resolução 196/96 da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP) e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisas com Seres Humanos (CEP) da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) sob protocolo nº 1234/2008.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
A idéia precursora do estudo era de que as mulheres da população alvo não conhecessem em sua totalidade, o exame de Papanicolaou ou que possuíssem conhecimentos distorcidos a respeito do tema a ser apresentado. Foram contatadas 1035 mulheres sendo 476 destas maiores de 18 anos, que compuseram o grupo de sujeitos da pesquisa.
O grupo de 476 alunas estudantes do Ensino Médio noturno e EJA nas escolas públicas da cidade de Uberaba-MG apresentou idade entre 18 e 65 anos, com média de 25 anos, mediana de 42 anos e desvio padrão de 9 anos.
Entre as 476 alunas, 359 (75,42%) eram procedentes da cidade de Uberaba-MG, enquanto 87 alunas (18,28%) eram procedentes de outras cidades da região e 30 alunas (6,30%) não responderam a questão.
Quanto à ocupação/profissão do grupo de 476 alunas estudantes do Ensino Médio noturno nas escolas públicas da cidade de Uberaba-MG, 177 destas (32%) declararam-se estudantes, enquanto 15 alunas (3%) declararam possuir outra profissão/ocupação além de estudante e 30 alunas (5%) responderam ser do lar ou dona de casa. As demais 290 (52%) declararam ter outra profissão/ocupação e não incluíram estudante como ocupação. Entre as outras profissões/ocupações que apareceram no estudo nenhuma representa pelo menos 1% do total.
Quando questionadas sobre haver ouvido falar a respeito do exame de Papanicolaou (questão 1 do instrumento: Você já ouviu falar sobre o exame de Papanicolaou?), 386 alunas (81%) responderam que sim, já haviam ouvido falar e sabiam do que trata o exame, 80 (17%) já haviam ouvido falar, mas não sabiam do que se tratava, 3 alunas (1%) nunca havia ouvido falar sobre o exame de Papanicolaou e 7 (1%) rasuraram ou não responderam a questão.
O controle do câncer cérvico-uterino obedece à estratégia de prevenção secundária, baseada na citologia cervical. Este método é o mais difundido mundialmente para rastreamento da neoplasia intra-epitelial cervical (NIC). Ele é internacionalmente apontado como o instrumento mais adequado, sensível, de baixo custo, além de ser conhecido e aceito pelas mulheres para o seu rastreamento. Na maioria dos serviços especializados, o rastreamento da doença por essa técnica tem sido superior a 80%(6). Verificamos aqui que os sujeitos do grupo em estudo inserem-se neste contexto de divulgação do exame.
Um estudo realizado com gestantes em uma comunidade carente do município de São Paulo evidenciou que muitas mulheres acreditam conhecer o exame de Papanicolaou, mas este conhecimento não é suficiente para influenciar as mudanças nas práticas de saúde(7).
Questionadas sobre a finalidade do exame de Papanicolaou (questão 2 do instrumento: Para que serve o exame de Papanicolaou?), 403 alunas (85%) mostraram conhecê-la, identificando-o como procedimento capaz de permitir a detecção da lesão precursora do câncer do colo do útero, permitindo seu diagnóstico precoce, sendo então um exame preventivo do câncer do colo do útero. Ainda, 59 alunas (12%) responderam ser o Papanicolaou um exame que protege a mulher impedindo que ela tenha um câncer, enquanto que apenas 6 (1%) responderam ser um exame que permite visualizar o bebê durante a gestação.
Em estudo comparativo entre mulheres brasileiras e japonesas verificou-se que o conhecimento da finalidade do exame de Papanicolaou influencia as mulheres a se submeterem ao mesmo, resultando em uma maior e mais consciente procura, enquanto que a desinformação sobre a doença e o exame prejudica a mulher na procura dos cuidados preventivos. A desinformação pode gerar despreocupação e conseqüente desinteresse pela prevenção, não só do câncer de colo uterino, como também de outras doenças ginecológicas. Os resultados do estudo mostraram, ainda, que as mulheres submetem-se ao exame preventivo quando têm facilidade de acesso ao programa de prevenção de doenças ginecológicas, e também quando possuem algum suporte de convênio médico(8).
Destacamos aqui a resposta incorreta apontada por 12% dos sujeitos do grupo que afirmaram que o exame de Papanicolaou tenha a finalidade de impedir o desenvolvimento do câncer do colo do útero. Esta informação distorcida é passível de levar estas mulheres a se despreocuparem com a continuidade do acompanhamento por crerem estar protegidas.
Analisando o conhecimento das alunas sobre como é realizado o exame (questão 3 do instrumento: Como é realizado o exame de Papanicolaou?), 450 (94%) mostraram conhecer e saber que o exame é uma coleta de material citológico (células) do colo do útero, sendo coletada uma amostra da parte externa (ectocérvice) e outra da parte interna (endocérvice). As demais 26 alunas (6%) não sabiam ao certo como o exame é realizado e 8 (3%) acreditavam ser uma coleta de sangue e uma amostra de urina em jejum de no mínimo 12 horas.
Quando questionadas sobre quem deve se submeter ao exame de Papanicolaou (questão 4 do instrumento: Quem deve fazer o exame (a partir de quando)?), 387 alunas (81%) responderam corretamente: toda mulher a partir da primeira relação sexual. As demais 89 alunas (19%) não sabiam ao certo quando realizar o exame, sendo que destas, 76 (16%) acreditavam que o exame deve ser realizado por toda mulher a partir de primeira menstruação.
À questão que diz respeito à periodicidade de realização do exame (questão 5 do instrumento: De quanto em quanto tempo deve-se fazer o exame?), 456 alunas (96%) responderam corretamente que o exame deve ser realizado uma vez ao ano, enquanto 20 (4%) não sabem de quanto em quanto tempo o exame deve ser realizado.
O Ministério da Saúde (MS), desde 1988, segue a recomendação da Organização Mundial da Saúde que propõe a realização do teste de Papanicolaou a cada três anos em mulheres entre 25 e 60 anos de idade, após dois controles anuais negativos(2). Contudo, foi considerada correta a afirmativa anualmente apresentada por 96% das alunas, uma vez que a prática dos profissionais da área da saúde da região onde se insere o estudo é de orientar desta forma a realização do exame.
Com relação ao questionamento sobre onde o exame pode ser realizado (questão 6 do instrumento: Onde este exame pode ser realizado?), 455 alunas (96%) sabiam que é possível realizar o exame nos postos ou unidades de saúde que tenham profissionais capacitados para realizá-los. No entanto, 16 (3%) acreditavam só ser possível realizar o exame em clínicas particulares.
Segundo orientações do Ministério da Saúde o exame de Papanicoloau pode ser realizado por médico ou enfermeiro durante a consulta ginecológica(9). É importante ressaltar a necessidade de ter profissionais capacitados para realizar a coleta de forma adequada.
Em relação a qual atitude tomar após a realização do exame (questão 7 do instrumento: Após o exame você deve:), 433 alunas (91%) tinham a informação de que deveriam buscar o resultado e levá-lo a um profissional de saúde. Porém, 38 (8%) acreditavam que após o exame pode-se ficar tranqüila, pois já estariam protegidas.
Em estudo realizado em 2006, em uma Unidade de Saúde de Fortaleza-CE, durante a vivência de atendimento ambulatorial, percebeu-se que muitas mulheres comparecem à fila do posto de saúde durante a madrugada, a fim de garantir uma ficha para realizar o Papanicolau. Depois de um longo período de espera, a mulher é vista por um profissional de saúde que realiza o exame. Todavia, ocorre que muitas mulheres não voltam ao serviço de saúde para buscar o resultado. Observa-se, ainda, que, por parte do serviço, existe um investimento em cada Papanicolau realizado. São envolvidos profissionais de nível superior e pessoal técnico, assim como gastos diversos com material no processo de coleta do exame, leitura da lâmina e impressão do resultado. Quando a mulher não retorna ao serviço para receber esse resultado, há um desperdício de tempo e recursos, por parte do serviço e da mulher, pois o objetivo do Papanicolau, ou seja, a prevenção do câncer do colo uterino, não é alcançado(10). Em nosso estudo observamos respostas adequadas à questão por parte de 91% dos sujeitos, porém sabe-se que a resposta correta não indica necessariamente o comportamento correto.
Os cuidados prévios necessários para a realização do exame (questão 8 do instrumento: Afirmação correta, parcialmente correta, incorreta) foram apontados corretamente por 312 alunas (65%) que classificaram a afirmativa: não estar menstruada, não ter tido relação sexual nas últimas 48 hs, não ter feito ducha vaginal antes do exame, como totalmente correta. No entanto, 98 alunas (21%) classificaram a afirmativa como parcialmente correta, enquanto 58 (12%) acreditavam que essas questões não interferem no resultado do exame.
Estes índices são superiores ao encontrado na literatura. Em estudo realizado em Natal-RN 42% das mulheres citaram como cuidados antes do exame a necessidade de não ter relações sexuais na véspera, 33% de não utilizar pomada e apenas 17% de não estar menstruada, demonstrando a necessidade de intervenção educativa direcionada para os cuidados prévios à coleta tendo em vista que a negligência dos mesmos interfere no resultado do exame(11).
Dentre as 386 alunas (81%) que já haviam ouvido falar sobre o Papanicolaou e sabiam do que se tratava apenas 198 (51,3%) acertaram todas as questões do questionário antes da atividade extensionista. Entre estas, 96 (48,5%) possuem entre 18 e 25anos, 32 (16,2%) estão na faixa entre 26 a 30 anos, 59 (29,8%) estão na faixa entre 31 e 45 anos e apenas 9 (4,5%) têm mais de 45 anos de idade.
Os dados encontrados em nosso estudo corroboram com a literatura. Em estudo realizado através de inquérito domiciliar na Argentina demonstrou-se que 92,5% das entrevistadas informaram ter ouvido falar do exame de Papanicolaou, porém apenas 49,5% destas foram classificadas como tendo conhecimento adequado sobre o exame, sendo que as proporções mais elevadas de conhecimento adequado foram identificadas entre mulheres com escolaridade maior ou igual a sete anos. Estes conhecimentos, em sua maioria, foram adquiridos por fontes como rádio/televisão, amigas/familiares e instituições de saúde(12).
Outro estudo, realizado com mulheres com câncer de colo uterino em um hospital no município de São Paulo, demonstrou que a deficiência do conhecimento sobre o exame de Papanicolaou é freqüente em mulheres mais velhas provavelmente por que a história das ações preventivas no Brasil é recente(13).
Após a atividade extensionista de educação em saúde dialogada, foi reaplicado o mesmo questionário, a fim de avaliar se, com a atividade, foi possível agregar conhecimento técnico e científico a respeito do exame de Papanicolaou ao repertório das mulheres abordadas, de modo a esperar que, a partir da iniciativa proposta, haja mudança de comportamento no sentido de melhorar o auto-cuidado.
Ao responder o segundo questionário 360 alunas (75,63%) acertaram todas as questões contra 51% encontrado no primeiro questionário, observando-se, um aumento de aproximadamente 24% nos acertos. Observou-se assim, que a atividade educativa em saúde acrescentou conhecimento ao grupo.

CONCLUSÃO
Ao término do estudo, tendo em consideração os objetivos propostos e os resultados obtidos, pode-se concluir que entre os sujeitos do grupo estudado: 476 mulheres com mais de 18 anos de idade, todas estudantes do ensino médio noturno de escolas públicas, cuja ocupação/profissão predominante é estudar e que são procedentes de Uberaba/MG e região, há conhecimento a respeito do exame de Papanicolaou. Este conhecimento, contudo, não é completo, nem homogêneo.
As alunas mais jovens, entre 18 e 25 anos, detêm maior conhecimento a respeito do exame de Papanicolaou. Esta informação é satisfatória, tendo em vista que se trata do grupo etário cujo foco prioritário é a prevenção, possível nesta fase da vida.
A atividade extensionista de educação em saúde mostrou-se efetiva em agregar conhecimentos a respeito do exame de Papanicolaou entre mulheres estudantes do ensino médio noturno de escolas públicas, posto que houve um acréscimo de 24% de acertos nas respostas.
Surpreende, contudo, concluir que 278 mulheres (58,40%) com acesso a informação, predominantemente jovem e procedente de um centro reconhecido como pólo de atenção à saúde e estudantil, como a do grupo estudado, tenha conhecimento distorcido a respeito do exame de Papanicolaou, tão amplamente divulgado.

REFERÊNCIAS
1. Brasil. Ministério da Saúde. Instituto Nacional do Câncer (INCA). Estimativa 2008: incidência de câncer no Brasil. Rio de Janeiro; 2008.         [ Links ]
2. Brasil. Ministério da Saúde. Instituto Nacional do Câncer (INCA). Câncer do colo do útero. [texto na Internet]. Rio de Janeiro; 2008. [citado 2008 out. 15]. Disponível em: http://www.inca.gov.br/conteudo_view.asp?id=326         [ Links ]
3. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). PNAD 2005: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. Rio de Janeiro; 2005.         [ Links ]
4. Brasil. Ministério da Saúde. Instituto Nacional do Câncer (INCA). Nomenclatura brasileira para laudos cervicais e condutas preconizadas: recomendações para profissional de saúde. Rio de Janeiro; 2006.         [ Links ]
5. Freire P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra; 1996.         [ Links ]
6. Paula AF, Madeira AMF. O exame colpocitológico sob a ótica da mulher que o vivencia. Rev Esc Enferm USP. 2003;37(3):88-96.         [ Links ]
7. Fernandes RAQ, Narchi NA. Conhecimento de gestantes de uma comunidade carente sobre os exames de detecção precoce do câncer cérvico-uterino e de mama. Rev Bras Cancerol. 2002;48(2):223-30.         [ Links ]
8. Chubaci RYS, Merighi MAB, Yasumori Y. A mulher japonesa vivenciando o câncer cérvico-uterino: um estudo de caso com abordagem da fenomenologia social. Rev Esc Enferm USP. 2005;39(2):189-94.         [ Links ]
9. Brasil. Ministério da Saúde. Instituto Nacional do Câncer (INCA). Coordenação de Prevenção e Vigilância (CONPREV). Falando sobre câncer do colo do útero. Rio de Janeiro; 2002.         [ Links ]
10. Greenwood SA, Machado MFAS, Sampaio NMV. Motivos que levam mulheres a não retornarem para receber o resultado de exame Papanicolau. Rev Lat Am Enferm. 2006;14(4):503-9.         [ Links ]
11. Davim RMB, Torres GV, Silva RAR, Silva DAR. Conhecimento de mulheres de uma unidade básica de saúde da cidade de Natal/RN sobre o exame de papanicolaou. Rev Esc Enferm USP. 2005;39(3):296-302.         [ Links ]
12. Gamarra CJ, Paz EPA, Griep RH. Conhecimentos, atitudes e prática do exame de papanicolaou entre mulheres argentinas. Rev Saúde Pública. 2005;39(2):270-6.         [ Links ]
13. Brenna SMF, Hardy E, Zeferino LC, Namura I. Conhecimento, atitude e prática do exame de papanicolaou em mulheres com câncer de colo uterino. Cad Saúde Pública. 2001;17 (4): 909-14.         [ Links ]


Correspondência:
Sueli Riul da Silva
Rua Donaldo Silvestre Cicci, 665 - Nossa Sra. da Abadia
CEP 38025-180 - Uberaba, MG, Brasil

Recebido: 15/09/2009
Aprovado: 25/11/2009

sábado, 12 de novembro de 2011

Maternidade: Separação da mãe após o parto causa stress físico ao recém-nascido

Sem o contato físico com a mãe, o bebê tem 86% a mais de chances de não ter o sono tranquilo

Uma mulher entra em trabalho de parto e dá à luz. Em seguida, o recém-nascido é coberto e colocado para dormir em um berço próximo ou levado para longe, no berçário. Apesar de essa ser a rotina dentro dos hospitais ocidentais, além de ser um procedimento indicado pela Academia Americana de Pediatria, uma nova pesquisa publicada no periódico Biological Psychiatry fornece novas evidências de que separar o bebê da mãe pode ser um motivo de stress desnecessário para a criança.

Os impactos psicológicos para o bebê causados pela separação eram, no entanto, desconhecidos. Os pesquisadores mediram, por uma hora, a variabilidade da frequência cardíaca em 16 bebês com dois dias de idade, durante o contato físico (pele a pele) com a mãe e no período em que eles estavam sozinhos no berço. A atividade neonatal autonômica (controla a vida vegetativa, como respiração e circulação sanguínea) era 176% maior e o sono tranquilo, 86% menor durante a separação. A pesquisa sugere que isso é algo que causa um importante stress fisiológico para o bebê.

Contradição — A pesquisa aborda ainda uma contradição: em pesquisas animais, a separação entre mãe e filho é uma maneira comum de criar stress para estudar os efeitos prejudiciais no desenvolvimento do cérebro do recém-nascido. Ao mesmo tempo, a separação dos bebês humanos é uma prática comum, particularmente quando há a necessidade de cuidados médicos especializados.
"O contato pele a pele com a mãe acaba com essa contradição, e nossos resultados são o primeiro passo na direção de entender exatamente por que os bebês se saem melhores quando têm esse contato físico com a mãe, frente aos cuidados na incubadora", diz Barak Morgan, coordenador do estudo.
De acordo com a equipe, são necessárias pesquisas posteriores para se entender melhor os efeitos da separação. Entretanto, o contato físico traz benefícios já conhecidos ao bebê, além de evitar um stress físico desnecessário. Assim, conforme novas evidências surgem, os médicos se deparam com um novo desafio: integrar o contato físico nos tratamentos de rotina, enquanto ainda conseguem fornecer com segurança os demais cuidados de praxe com o recém-nascido.
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Should Neonates Sleep Alone?

Onde foi divulgada: revista Biological Psychiatry

Quem fez: Barak E. Morgan, Alan R. Horn e Nils J. Bergman

Instituição: Universidade da Cidade do Cabo, África do Sul

Dados de amostragem: 16 bebês com dois dias de vida

Resultado: Apesar de recomendada pela Academia Americana de Pediatria, separar o recém-nascido da mãe pode trazer stress desnecessário ao bebê. A pesquisa mostrou que a separação tem impactos negativos nos bebês, como na duração do sono e na frequência cardíaca.
http://veja.abril.com.br/noticia/saude/separacao-da-mae-apos-o-parto-causa-stress-fisico-ao-recem-nascido

O Renascimento do Parto reforça a importância do parto normal

Documentário, que estreia em 2012, traz especialistas e mães defendendo a humanização do nascimento do bebê
O Brasil é o campeão mundial no número de cesarianas. Essa situação, considerada alarmante pelos médicos, gera sempre aquela polêmica do quanto o comodismo pode estar por trás do parto agendado, colocando mãe e filho em risco. Esse cenário é exatamente o mote do filme O Renascimento do Parto, de Érica de Paula e Eduardo Chauvet. No documentário, mães, médicos e especialistas, de diferentes áreas, expõem suas opiniões e defendem a valorização do parto natural. O cientista Michel Odent e o ator Márcio Garcia participam do documentário, previsto para estrear em março de 2012, aqui no Brasil.

http://revistacrescer.globo.com/Revista/Crescer/0,,EMI276780-10477,00-O+IRENASCIMENTO+DO+PARTOI+REFORCA+A+IMPORTANCIA+DO+PARTO+NORMAL.html

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

ESTUDO DE CASO

Olá Pessoal...
Já faz um tempinho que a gente não se comunica, não é verdade?

Mas estamos sempre aqui...

Relembrando a última avaliação que vcs fizeram, percebemos na correção que vcs tiveram algumas dúvidas quanto ao cálculo da IG , da DPP, e tambem quanto a terminologia para a descrição da paridade... Pensando nisso, estamos propondo a vcs a realização de um trabalho bem simples o qual podera render alguns pontos na avaliação de vcs (a serem combinados depois com a Efigênia).

Então é o seguinte: ESTUDO DE CASO
Você é enfermeiro de uma UBSF e acaba de receber em sua sala, como demanda espontânea, uma paciente que descobriu-se gestante recentemente e como tal necessita de atenção e cuidados especiais. Relate qual seria sua conduta como enfermeiro e primeiro profissional a atendê-la depois da notícia da gravidez, abordando desde a 1ª consulta de pré-natal, cálculos que julgar necessário, descrição da paridade e demais orientações.
M. M. S. 20 anos, branca, profissão de manicure, casada, cônjuge com 32 anos, que trabalha como vigia. Possui ensino fundamental incompleto (7ª série), natural de Campo Grande-MS, católica. Renda familiar mensal em torno de R$ 900, 00, considera essa renda suficiente para manter as necessidades familiares. Reside em casa própria de alvenaria, com quatro cômodos (um quarto, sala, cozinha e banheiro), seu banheiro localiza-se dentro de casa e possui vaso sanitário e chuveiro elétrico, sua casa não dispõe de rede de esgoto, mas possui fossa séptica. Dorme 8 horas por noite e sente-se descansada com a quantidade de sono que tem. Realiza duas refeições diárias (café da manhã e almoço). Relata que após a gestação tem se alimentado mal devido a intolerância à carne. Nega história de icterícia, cálculo biliar, etilismo, tabagismo, problemas respiratórios, cardiopatias, hipertensão arterial e diabetes.
Relata ser mãe de outras duas crianças, uma nascida de parto normal e outro de cesárea, além de um aborto espontâneo sofrido antes da gestação atual. Data da última menstruação (DUM): 02/09/2011.
Relata aumento da freqüência urinária após a gestação, cefaléia, lipotimias, náuseas, lombalgia e mialgia. Informa que ficou feliz com a gestação, pois a mesma foi planejada.
Tem consciência de normalidade das alterações já presentes ou futuras no seu corpo decorrentes da gravidez. Está feliz com a sua aparência, tem como aspiração ter uma vida estável, considera sua família e seus filhos as coisas mais importantes em sua vida.
À consulta (01/11/2011) a cliente apresentava peso: 70 kg, altura: 1,63m, IMC: 28, 6, PA: 90X63mmHg, P: 80bpm, R: 18mpm e T: 36,8 C.
Como enfermeiro e profissional responsável por esta cliente tome todas as condutas que julgar necessário.
Obs.: Envie seu relatório para o e-mail do blog até dia 25 - 11 -11.
Para o seguinte email: saudedamulherufu@hotmail.com
Bons Estudos!!!

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Recomendações da OMS no atendimento ao parto normal.

 A Organização Mundial da Saúde (OMS) desenvolveu uma classificação das práticas comuns na condução do parto normal, orientando para o que deve e o que não deve ser feito no processo do parto. Esta classificação foi baseada em evidencias científicas concluídas através de pesquisas feitas no mundo todo.

CATEGORIA A:
PRÁTICAS DEMONSTRADAMENTE ÚTEIS E QUE DEVEM SER ESTIMULADAS:
 · Plano individual determinando onde e por quem o nascimento será realizado, feito em conjunto com a mulher durante a gestação e comunicado a seu marido/companheiro e, se aplicável, a sua família;
· Avaliação do risco gestacional durante o pré-natal, reavaliado a cada contato com o sistema de saúde e no momento do primeiro contato com o prestador de serviços durante o trabalho de parto, e ao longo deste último;
· Monitoramento do bem-estar físico e emocional da mulher durante trabalho e parto e ao término do processo de nascimento;
· Oferta de líquidos por via oral durante o trabalho de parto e parto;
· Respeito à escolha da mãe sobre o local do parto, após ter recebido informações;
· Fornecimento de assistência obstétrica no nível mais periférico onde o parto for viável e seguro e onde a mulher se sentir segura e confiante;
· Respeito ao direito da mulher à privacidade no local do parto;
· Apoio empático pelos prestadores de serviço durante o trabalho de parto e parto;
· Respeito à escolha da mulher sobre seus acompanhantes durante o trabalho de parto e parto;
· Fornecimento às mulheres sobre todas as informações e explicações que desejarem;
· Métodos não invasivos e não farmacológicos de alívio da dor, como massagem e técnicas de relaxamento, durante o trabalho de parto;
· Monitoramento fetal por meio de ausculta intermitente;
· Uso de materiais descartáveis apenas uma vez e descontaminação adequada de materiais reutilizáveis, durante todo o trabalho de parto e parto;
· Uso de luvas no exame vaginal, durante o parto do bebê e no manuseio da placenta;
· Liberdade de posição e movimento durante o trabalho de parto;
· Estímulo a posições não supinas durante o trabalho de parto;
· Monitoramento cuidadoso do progresso do parto, por exemplo por meio do uso do partograma da OMS;
· Administração profilática de ocitocina no terceiro estágio do parto em mulheres com risco de hemorragia no pós-parto, ou que correm perigo em conseqüência da perda de até uma pequena quantidade de sangue;
· Condições estéreis ao cortar o cordão;
· Prevenção da hipotermia do bebê;
· Contato cutâneo direto precoce entre mãe e filho e apoio ao início da amamentação na primeira hora após o parto, segundo as diretrizes da OMS sobre aleitamento materno;
· Exame rotineiro da placenta e membranas ovulares;
  
CATEGORIA B:
PRÁTICAS CLARAMENTE PREJUDICIAIS OU INEFICAZES E QUE DEVEM SER ELIMINADAS:
· Uso rotineiro de enema;
· Uso rotineiro de tricotomia;
· Infusão intravenosa de rotina no trabalho de parto;
· Cateterização venosa profilática de rotina;
· Uso rotineiro de posição supina (decúbito dorsal) durante o trabalho de parto;
· Exame retal;
· Uso de pelvimetria por Raios-X;
· Administração de ocitócitos em qualquer momento antes do parto de um modo que não permite controlar seus efeitos;
· Uso de rotina da posição de litotomia com ou sem estribos durante o trabalho de parto;
· Esforço de puxo prolongados e dirigidos (manobra de Valsalva) durante o 2º estágio do trabalho de parto;
· Massagem e distensão do períneo durante o 2º estágio do trabalho de parto;
· Uso de comprimidos orais de ergometrina no 3º estágio do trabalho de parto, com o objetivo de evitar ou controlar hemorragias;
· Uso rotineiro de ergometrina parenteral no 3º estágio do trabalho de parto;
· Lavagem uterina rotineira após o parto;
· Revisão uterina (exploração manual) rotineira após o parto;

CATEGORIA C:
PRÁTICAS EM RELAÇÃO AS QUAIS NÃO EXISTEM EVIDÊNCIAS SUFICIENTES PARA APOIAR UMA RECOMENDAÇÃO CLARA E QUE DEVEM SER UTILIZADAS COM CAUTELA ATÉ QUE MAIS PESQUISAS ESCLAREÇAM A QUESTÃO:
 · Métodos não farmacológicos de alívio de dor durante o trabalho parto, como ervas, imersão em águas e estimulação dos nervos;
· Amniotomia precoce de rotina no primeiro estágio do trabalho de parto;
· Pressão do fundo durante o trabalho de parto;
· Manobras relacionadas à proteção do períneo e ao manejo do pólo cefálico no momento do parto;
· Manipulação ativa do feto no momento do parto;
· Uso rotineiro de ocitocina de rotina, tração controlada do cordão, ou sua combinação durante o 3º estágio do trabalho de parto;
· Clampeamento precoce do cordão umbilical;
· Estimulação do mamilo para estimular as contratilidades uterina durante o 3º estágio do trabalho de parto.

CATEGORIA D:
PRÁTICAS FREQUENTEMENTE USADAS DE MODO INADEQUADO:
 · Restrição hídrica e alimentar durante o trabalho de parto;
· Controle da dor por agentes sistêmicos;
· Controle da dor por analgesia peridural;
· Monitoramento eletrônico fetal;
· Uso de máscaras e aventais estéreis durante a assistência ao trabalho de parto;
· exames vaginais repetidos ou freqüentes, especialmente por mais de um prestador de serviço;
· Correção da dinâmica com utilização de ocitocina;
· Transferência rotineira da parturiente para outra sala no início do segundo estágio do trabalho de parto;
· Cateterização da bexiga;
· Estímulo para o puxo quando se diagnostica dilatação cervical completa ou quase completa, antes que a mulher sinta o puxo involuntário;
· Adesão rígida a uma duração estipulada do 2º estágio do trabalho de parto, como por exemplo uma hora, se as condições da mãe e do feto forem boas e se houver progressão do trabalho de parto;
· Parto operatório;
· Uso liberal e rotineiro de episiotomia;
· Exploração manual do útero após o parto.